segunda-feira, 8 de setembro de 2008

QUARTO CRESCENTE




Dedico esta primeira conversa da minha nova fase de bloguista, ao Pedro Miguel, o mais recente jovem leitor dos meus blogues e um daquelas cujas visitas mais me lisongeiam.

Três de Setembro ficou-me particularmente presente na memória a partir daquele domingo de há quarenta e sete anos – como o tempo passa, meu Deus! – dia de sol, tudo com ar de festa, e eu no centro... foi a primeira e a última vez! (Ou, quem sabe, se calhar, foi apenas imaginação minha).
Não se fizera ainda a reforma do calendário litúrgico, e esse era o dia de São Pio X, junto de cujo túmulo rezara, em Roam, antes de regressar a Portugal, e cuja festa foi depois deslocada para 21 de Agosto.
Hoje, segundo a nova ordem litúrgica, celebramos São Gregório Magno, eleito para a cadeira de Pedro a 3 de Setembro de 590.
Finais de um século que, desfeito definitivamente o sonho imperial, no que diz respeito ao Ocidente e àquilo que mais tarde se chamaria Europa, traz consigo as linhas de força que hão de fundir, através da latinidade cristã, a incomparável riqueza do mudo greco-romano com as energias dos povos germano-eslavos.
Gregório, que, ao tornar-se bispo de Roma, entra numa lista que conta já alguns mártires do cesaro-papismo bizantino, será um dos cabouqueiros desta Europa, que de novo se perde em questões de geo-estrategia, quando o que fez a sua garndeza foram os valores por que lutaram figuras como Leão Magno, Gelásio , João (o primeiro e o oitavo), Zacarias, etc.
A lembrança do Ramadão... assim tão coincidente com a memória litúrgica de um Papa que foi eleito quando Maomet completava vinte anos de idade... Bem sei; isso depende das fases da lua e não dos dias do nosso calendário, que é solar.
Mas a verdade é que me faz pensar em certos comportamentos humanos, alguns acontecimentos, na política e na religião, que parecem meros acidentes de percurso, mas que alteram profundamente a marcha da hsitória.
Não teria tudo sido muito diferente se o cristianismo que chegou ao conhecimento de Maomet não tivesse a marcá-lo a heresia de Nestório e Alexandria o ressentimento criado por Calcedónia?
Creio bem que temos necessidade de parar um pouco e ler com serenidade a história, sem o afã de procurar culpados – esse vício terrível de estar sempre a exigir que peçam desculpa, que é o sinal mais evidente de que não se quer perdoar.
É preciso ler a história com grande simpatia pelos homens – heróis ou vilões, são sempre seres humanos; mas sobretudo uma imensa simaptia por quem tem hoje de viver com a herança do passado.