Dedico esta primeira conversa da minha nova fase de bloguista, ao Pedro Miguel, o mais recente jovem leitor dos meus blogues e um daquelas cujas visitas mais me lisongeiam.
Três de Setembro ficou-me particularmente presente na memória a partir daquele domingo de há quarenta e sete anos – como o tempo passa, meu Deus! – dia de sol, tudo com ar de festa, e eu no centro... foi a primeira e a última vez! (Ou, quem sabe, se calhar, foi apenas imaginação minha).
Não se fizera ainda a reforma do calendário litúrgico, e esse era o dia de São Pio X, junto de cujo túmulo rezara, em Roam, antes de regressar a Portugal, e cuja festa foi depois deslocada para 21 de Agosto.
Hoje, segundo a nova ordem litúrgica, celebramos São Gregório Magno, eleito para a cadeira de Pedro a 3 de Setembro de 590.
Finais de um século que, desfeito definitivamente o sonho imperial, no que diz respeito ao Ocidente e àquilo que mais tarde se chamaria Europa, traz consigo as linhas de força que hão de fundir, através da latinidade cristã, a incomparável riqueza do mudo greco-romano com as energias dos povos germano-eslavos.
Gregório, que, ao tornar-se bispo de Roma, entra numa lista que conta já alguns mártires do cesaro-papismo bizantino, será um dos cabouqueiros desta Europa, que de novo se perde em questões de geo-estrategia, quando o que fez a sua garndeza foram os valores por que lutaram figuras como Leão Magno, Gelásio , João (o primeiro e o oitavo), Zacarias, etc.
A lembrança do Ramadão... assim tão coincidente com a memória litúrgica de um Papa que foi eleito quando Maomet completava vinte anos de idade... Bem sei; isso depende das fases da lua e não dos dias do nosso calendário, que é solar.
Mas a verdade é que me faz pensar em certos comportamentos humanos, alguns acontecimentos, na política e na religião, que parecem meros acidentes de percurso, mas que alteram profundamente a marcha da hsitória.
Não teria tudo sido muito diferente se o cristianismo que chegou ao conhecimento de Maomet não tivesse a marcá-lo a heresia de Nestório e Alexandria o ressentimento criado por Calcedónia?
Creio bem que temos necessidade de parar um pouco e ler com serenidade a história, sem o afã de procurar culpados – esse vício terrível de estar sempre a exigir que peçam desculpa, que é o sinal mais evidente de que não se quer perdoar.
É preciso ler a história com grande simpatia pelos homens – heróis ou vilões, são sempre seres humanos; mas sobretudo uma imensa simaptia por quem tem hoje de viver com a herança do passado.
7 comentários:
Obrigado. Estarei atento.
Questiono-me: Que confiança podemos ter na história que se nos ensina, se mesmo relativamente a acontecimentos actuais é por vezes tão difícil distinguir os factos das tentativas de manipulação da opinião? - veja-se como exemplo o recente conflito na Georgia. Não seriam, também, noutras épocas, utilizadas estratégias de manipulação dos povos de acordo com o interesse de uma certa aristocracia política e/ou religiosa? E não fariam os escritos parte dessas estratégias? Como seria hoje a Igreja Católica se não tivesse caído nas graças de um imperador? Como seria o Islão se em 624 Maomet tivesse perdido a batalha de Badr? Então, com respeito pelas tradições, por quem vive e por quem viveu , não devemos ter a coragem de analisar a herança que carregamos, e levar a cabo a árdua mas crucial tarefa de deitar fora os calhaus que tanto pesam neste nosso caminho?
Fazes muita pergunta interessante. Procurarei, mais tarde, com menos premura de tempo e tarefas, dar a minha respsota pessoal.
Por agora direi apenas, com o nosso poeta: Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.
Faz-me sempre mal encontrar um jovem pessimista; espero que não seja o teu caso.
Um grende abraço e cumpriemntos para so teus.
AP
Cumprimentos entregues.
Pode sorrir pois sou muitíssimo optimista! Falei nos calhaus mas também vejo pedras preciosas. Além disso, entendo que é preciso coragem e espírito crítico, qual pressão e temperatura, para que alguns desses velhos calhaus se transformem em novas gemas. Que desafio tão belo este!
Só duas coisas, para já:
Em primeiro lugar, não pude ainda iniciar o comentário às tuas observações porque tenho andado de volta dos apontamentos que me serviram de guião nas úlitmas tarefas escolares, a que não dou o nome de aulas porque o não merecem. Gostaria de dar-te uma cópia para os tomarmos como tema de conversa, se te sobrar tempo para isso.
A outra coisa era sobre o tal pessimismo: se leres bem o meu comentário, verás que não te considero pessimista. E gosto muito dessa imagem dos calhaus que se transformam em gemas.
Depois, talvez ainda possamos verificar que muitos dessess calhaus só o são pela ganga que se lhes pegou.
Um abraço muito amigo.
Fico à espera dos temas.
Um abraço e, se não for antes, até dia 18.
Caríssimo Pedro,
Tenho saudades das tuas perguntas e dos teus comentários, mas também sinto remorsos, porque, apesar de ter prono o texto que te prometi, nunca mais to enviei. É demasiado longo para um blogue. Vou tentar outra via.
Entretanto, se quiseres, podes dar-me notícias tuas e da tua família, para a qual mando cumprimentos.
Um grande abraço do tio Augusto.
Caríssimo Pedro,
Tenho saudades das tuas perguntas e dos teus comentários, mas também sinto remorsos, porque, apesar de ter prono o texto que te prometi, nunca mais to enviei. É demasiado longo para um blogue. Vou tentar outra via.
Entretanto, se quiseres, podes dar-me notícias tuas e da tua família, para a qual mando cumprimentos.
Um grande abraço do tio Augusto.
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